Buscar regras diferentes de pensar, intuições mais profundas, vozes que só a solidão nos permita ouvir, guiar-se por anseios que vêm libertos das pressões do meio, é permitido somente aos que se ausentam, aos refratários. O homem de gosto superior nunca será o mesmo. Suas reações diferem quando em meio dos seus semelhantes. Más companhias tornam-se muitas vezes necessárias para conhecer o homem comum. “São sempre más companhias todas aquelas que não são de nossos iguais”. (Nietzsche).
E isto representa sacrifícios que não se podem calcular.
Dentro da sociedade, os homens vivem ainda a pré-história. A maior parte tem ainda uma mentalidade primitiva, arcaica, e as grandes conquistas, através dos séculos, são apanágio de camadas sociais reduzidíssimas.
As vastas massas ainda raciocinam com os mesmos convencionalismos primitivos. Há homens de todas as culturas no Ocidente: bizantinos, góticos, barrocos, clássicos racionalistas, gregos, romanos,
chineses, árabes, e outros ainda mais primitivos. Há mentalidades pré-lógicas, embrionárias. E o homem, em conjunto, o homem bovino, nunca pode ter uma mentalidade acima da subnormal. Só os solitários podem exceder a linha média. O homem moderno, que tenha consciência de sua atualidade, tem de ser um solitário, e para poder superar em si mesmo as vidas passadas, “esquecer” vidas já vividas, atingir ciclos mais elevados da consciência, necessita de grandes silêncios, concentrações e meditações profundas.
A solidão é para ele um título de glória.
Mário Ferreira dos Santos - Luta dos Contrários
Nenhum comentário:
Postar um comentário