São marcas que o arcebispo de Loreto, dom Ângelo Comastri, afirmou descrevendo o novo beato, a quem o Papa definiu como «engenheiro da Caridade»: «Alberto Marvelli era um jovem e como jovem se fez santo»; «desta forma, Marvelli recorda-nos que a juventude não é a idade da irreflexão, nem a idade do tempo para queimar e desperdiçar, não é a idade dos caprichos e das diversões», explicou.
«A juventude é o tempo mais belo no qual se pode fazer o bem - reconheceu o arcebispo em declarações a Rádio Vaticano -. São Felipe Néri dizia aos jovens de seu tempo: “Felizes vós, jovens, que tens tanto tempo para fazer o bem!”.
Alberto Marvelli havia compreendido isso e traz aos jovens precisamente esta verdade». Também «era um jovem cristão comprometido em política», onde «deixou um sinal de limpeza, de transparência, de dignidade, de correção, que é uma grande mensagem para os políticos de hoje. Pode-se estar na política e se pode ser santo, e esta é uma grandíssima mensagem que vem da vida de Alberto Marvelli», sublinhou o prelado.
Originário de Ferrara (Itália), onde nasceu a 21 de março de 1918, Alberto Marvelli era o segundo dos seis filhos de Alfredo, bancário, e Maria, comprometida no associacionismo da época – Senhoras da Caridade, mulheres da Ação Católica e Oratório salesiano -, cuja figura foi fundamental inclusive em seu crescimento espiritual. Assim Alberto também participou no Oratório salesiano e na «Ação Católica», onde amadureceu sua fé com uma opção decisiva: «Meu programa de vida se resume em uma palavra: santidade».
De caráter forte e decidido e amante do esporte, em especial o ciclismo, Alberto orava, dava catequese e demonstrava zelo apostólico, caridade e serenidade, segundo aponta a biografia distribuída pela Santa Sé. Elegeu como modelo de vida juvenil Pedro Jorge Giorgio Frassati (1901-1925) - membro da SSVP e da Ação Católica Italiana, beatificado por João Paulo II em 1990.
Finalizados seus estudos universitários em engenharia mecânica em 1941, Alberto teve de se alistar no exército, posto que a Itália estava em guerra - conflito que ele condenou com firmeza -. Foi dispensado. Trabalhou então durante um breve período na empresa de automóveis Fiat de Turim.
Após os acontecimentos que levaram à queda do fascismo e à ocupação alemã do território italiano em 1943, Alberto regressou à sua casa de Rímini. Sabia que sua missão era converter-se em operário da caridade. Desenvolveu um grande trabalho de ajuda aos pobres na Segunda Guerra Mundial e foi um dos protagonistas da reconstrução pós-bélica de sua cidade.
Foram tempos nos quais o Bem-aventurado Alberto se privava inclusive de seus sapatos para dá-los aos necessitados e se deslocava constantemente de bicicleta desde sua cidade aos lugares onde se ocultavam os refugiados para levar-lhes alimentos e consolo espiritual, segundo declararam testemunhas no processo de beatificação.
Durante a ocupação alemã, Alberto também conseguiu salvar muitos jovens da deportação. Depois da libertação da cidade em 23 de setembro de 1945, ao constituir-se a primeira junta do Comitê de Libertação, entre os assessores figura o futuro beato, com 26 anos.
Foi-lhe encomendado pôr ordem na concessão de casas na cidade e depois a área da reconstrução, como colaborador do Grupo de Engenheiros Civis. Alberto escreveu: «Servir é melhor que ser servido. Jesus serve».
Quando em Rímini voltaram a surgir os partidos políticos, inscreveu-se na Democracia Cristã, vivendo «seu compromisso político como um serviço à sociedade organizada: a atividade política podia ser transformada na expressão mais alta da fé vivida», aponta a Santa Sé.
Em 1945 o bispo o chamou para dirigir os Profissionais Católicos. Seu compromisso se sintetizou em duas palavras: cultura e caridade. Também fundou uma Universidade popular e abriu um restaurante para pobres, onde ele mesmo os servia e escutava suas necessidades. Como co-fundador da ACLI («Associação Católica de Trabalhadores Italianos»), formou uma cooperativa para os que se dedicavam à construção.
Demonstrou um autêntico amor para a Eucaristia, com a qual mantinha uma relação contínua. Daí tirava forças «para realizar seu trabalho de redenção e libertação, capaz de humanizar a face da terra», ressalta a Santa Sé.
Ao anoitecer de 5 de outubro de 1946, enquanto se dirigia em bicicleta a um comício eleitoral - era um dos candidatos para a eleição da primeira administração comunal -, um caminhão militar o atropelou, matando-o. Alberto Marvelli tinha então 28 anos.
Toda a Itália chorou sua morte. Na história do apostolado dos leigos, a figura de Alberto Marvelli apresenta-se como a de «um precursor do Concílio Vaticano II no que se refere à animação e ao compromisso apostólico dos leigos na transformação cristã da sociedade», reconhece a Santa Sé.
Em 7 de julho de 2003 foi promulgado na presença de João Paulo II o decreto de reconhecimento de um milagre atribuído à intercessão do jovem membro da «Ação Católica», abrindo-se as portas para sua beatificação.
Beato Alberto Marvelli, rogai por nós!
Texto recolhido e compilado pelo cfr. Gesiel Júnior.
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