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sábado, 14 de abril de 2018

O homem superior é um solitário

O homem superior é um solitário. Na época atual do homem-massa, em que o gosto se generaliza num sentido de perspectiva comum, de anseios comuns, de opiniões comuns, não é de admirar haver de um mesmo fato uma interpretação igual e um mesmo comentário. O homem-superior é, naturalmente, um alheiado ao homem-massa; é uma exceção. O homem-massa encerra conceitos comuns, perspectivas comuns, gostos comuns. Isto pode ser um ideal... Para os homens-massa. Nunca será um ideal para o homem que sente a si próprio, que se observa como exceção, cujo ritmo de alma é, naturalmente, diferente da do homem vulgar. Esta exceção é muitas vezes perigosa. Destas exceções saem também os “perturbadores da ordem”...
Buscar regras diferentes de pensar, intuições mais profundas, vozes que só a solidão nos permita ouvir, guiar-se por anseios que vêm libertos das pressões do meio, é permitido somente aos que se ausentam, aos refratários. O homem de gosto superior nunca será o mesmo. Suas reações diferem quando em meio dos seus semelhantes. Más companhias tornam-se muitas vezes necessárias para conhecer o homem comum. “São sempre más companhias todas aquelas que não são de nossos iguais”. (Nietzsche).
E isto representa sacrifícios que não se podem calcular.
Dentro da sociedade, os homens vivem ainda a pré-história. A maior parte tem ainda uma mentalidade primitiva, arcaica, e as grandes conquistas, através dos séculos, são apanágio de camadas sociais reduzidíssimas.
As vastas massas ainda raciocinam com os mesmos convencionalismos primitivos. Há homens de todas as culturas no Ocidente: bizantinos, góticos, barrocos, clássicos racionalistas, gregos, romanos,

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Quem pensa não casa

O encontro com uma doutrina, mesmo com uma doutrina que é Pessoa e que se fez Carne, ainda não resolve os nossos problemas. Um encontro não se transforma em núpcias gradativamente e inevitavelmente; entre uma coisa e outra é preciso inserir um elemento decisivo.
 
Há um provérbio de aparência imbecil que diz assim: “Quem pensa não casa.” É costume ver nesse provérbio um encorajamento para se ficar, durante a vida inteira, fechado numa prudência burguesa. Pensar, nesse caso, quer dizer: calcular despesas, prever doenças, avaliar a liberdade perdida em confronto com os novos encargos contraídos. Quem pensar assim não casará; resta-lhe a sabedoria negativa do provérbio para consolo. Não casa, mas pensa. É livre e pensa; é uma espécie de livre-pensador.
Atrás desse sentido comodista, o provérbio encerra uma advertência e sugere que é melhor casar do que ficar pensando. Quando um sujeito, nos caprichos da vida, encontra moça que acha de sua afeição e que lhe corresponde, tem essa alternativa: escolher ou pensar. O escolher é precedido, evidentemente, de um certo pensar; é de toda prudência que se conviva com a moça, que se converse, que se observem umas tantas coisas, antes de decidir a escolha. O homem é dotado de razão também para casar e deve aplicá-la na justa medida.
 
A tarefa não é fácil. A moça se esconde atrás de certas manobras que, no dizer de muitos autores, lhe moram nas glândulas. O pretendente pode estar certo que ela mudará enormemente; não é assim como agora se ri que ela vai rir; não é disso que hoje chora que vai chorar. Seus gestos serão diferentes, sua forma se alterará, e sua própria voz, que tanto agrada hoje, será mais cheia e mais dura no difícil cotidiano. O mais atento leitor de um Bourget ou de um Montherlant se enganará redondamente se quiser fazer previsões psicológicas sobre a esposa escondida na noiva. Assim sendo, é justo que se pense e razoável que se cogite. Mas num certo ponto do conhecer é preciso decidir. Ou escolhe, abrindo mão nesse único ato de todas as outras moças, entregando-se totalmente, correndo todos os riscos, agüentando todas as conseqüências, querendo desde já no seu coração agüentá-las, tendo confiança, pelo pouco que sabe, no muito que desconhece, trocando generosamente o pouco pelo muito, empenhando a vida inteira a vir em cima de alguns meses que já passaram; ou então continua pensando. E se pensa não casa. Não casa porque pode passar a vida inteira pensando. Sondando; sopesando; excogitando. Conheço diversos casos assim, de namoros tristes que duraram mais de vinte anos: o noivo pensava. Num caso desses, em vez de festa de núpcias houve luto, porque o noivo morreu pensando ...
 

sábado, 8 de outubro de 2016

Fuga da ociosidade - Santo Afonso de Ligório

É preciso notar aqui que é um engano acreditar que o trabalho é nocivo à saúde do corpo, quando é certo que o exercício corporal ajuda muito a conservar a saúde.
Muitas vezes o que faz apresentar escusas do trabalho, não é tanto o perigo da saúde, mas o peso e fadiga que o acompanham e que desejamos evitar. Ah! Quem lançar os olhos no Crucifixo, não andará esquivando-se dos trabalhos. — Um dia, Sór Francisca do Santo Anjo, Carmelita, se lamentava de ter as mãos todas dilaceradas de tanto trabalhar, e Jesus Crucificado lhe respondeu: Francisca, olha as minhas mãos e depois lamenta-te. 
Além disso, o trabalho é um remédio contra os enfados de solidão, e também contra as numerosas tentações que muitas vezes assaltam os solitários. — Sto. Antão abade achava-se um dia muito atormentado de pensamentos desonestos e ao mesmo tempo muito fatigado da solidão: não sabia o que fazer para se aliviar. Apareceu-lhe então um anjo, que o conduziu ao pequeno jardim que havia ali perto; e, tomando uma enxadinha, começou a lavrar a terra, e, em seguida, se pôs a orar. De novo, principiou a trabalhar e depois tornou a orar. Com isto, ensinou ao santo o modo como havia de conservar a solidão e ao mesmo tempo livrar-se das tentações, passando da oração ao trabalho, e do trabalho a oração. Não se deve trabalhar sempre, mas também não se pode orar sempre, sem se arriscar a perder a cabeça, e se tornar depois absolutamente inútil para todos os exercícios espirituais. — É por isso que Sta. Teresa, depois de sua morte, apareceu à Sór Paula Maria de Jesus e lhe recomendou que nunca abandonasse os exercícios corporais sob pretexto de fazer obras mais santas, assegurando-lhe que tais exercícios aproveitam muito para a salvação eterna. 
De outra parte, os trabalhos manuais, quando se fazem sem paixão e sem inquietação, não impedem de fazer oração. — Sor Margarida da Cruz, arquiduquesa de Áustria e religiosa descalça de Sta. Clara, se dedicava aos ofícios mais trabalhosos do mosteiro, e dizia que, entre outros exercícios, o trabalho não é somente útil às monjas, mas também necessário, visto que não impede o coração de se elevar para Deus.
Narra-se que S. Bernardo, um dia vendo um monge que não deixava de orar enquanto trabalhava, disse-lhe: “Continua, meu irmão, a fazer sempre o que fazes agora, e alegra-te, porque, deste modo, quando morreres, serás livre do purgatório”. O mesmo santo seguia esta prática como refere o escritor de sua vida; pois, não descuidava dos trabalhos exteriores e ao mesmo tempo se recolhia todo em Deus.


Santo Afonso de Ligório no livro: A Verdadeira Esposa de Cristo.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Vida intelectual versus vida de curiosidade

(Esta conferência foi proferida na Jornada de Formação do MJCB em 2012. Apresentamos aqui a sua transcrição).
 Pe. Luiz Cláudio Camargo FSSPX
A obra que estamos propondo realizar em nossos priorados consiste exatamente na idéia da universidade: versus unum. A universidade é a reunião de todas as faculdades, iluminadas pela Teologia. A nossa vida precisa alcançar essa unidade mais elevada, e o lugar privilegiado para isso, na situação em que nos encontramos hoje, são os nossos priorados.
Quero comparar aqui os elementos normais da vida intelectual — o ato, a estrutura da vida interior — com a sua deformação. Gostaria de comparar a vida intelectual com a vida de curiosidade, e daí tentar tirar os conselhos práticos para a vida especulativa. 
Pode-se dizer que há duas partes no esforço intelectual. Em primeiro lugar, há o que se pode chamar de studium, o estudo. Em latim, a palavra studium significa esforço. É interessante notar que toda a primeira parte, a do esforço intelectual, por causa da união e da relação entre o corpo e a alma, é necessária para se chegar ao ato específico em que a inteligência enxerga o seu objeto. Ela exige um esforço muito grande. O modo pelo qual chegamos ao conhecimento é um modo laborioso, chamamo-lo de modo racional. É necessário ruminar até se chegar ao saber. Em seguida, temos um ato próprio, específico, e o efeito próprio pelo qual a inteligência vê o seu objeto, alcança-o, pode ser chamado de gaudium. Então, alcança-se a idéia e a alma repousa. 
Veremos quais as condições desses três passos numa vida intelectual normal, e a sua deformação numa vida de curiosidade.
A primeira consideração, nessa primeira etapa do studium, é a de que, como já se viu, não tratamos de uma atividade qualquer na vida do homem, mas da sua própria essência. Por isso falamos de uma vida intelectual, e não simplesmente de uma atividade intelectual. É, portanto, necessário organizar a vida, é necessário colocar o saber como o princípio que organizará toda a vida.
Se observarmos atentamente, veremos que essa organização da vida nos é dada pelas circunstâncias. Deixamo-nos arrastar por elas e, assim, tornamos impossível a vida intelectual. A maneira moderna de viver impossibilita a vida intelectual e por isso devemos lutar, puxar a espada e nos organizar, dispor os elementos da nossa vida.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

RELIGIOSIDADE VARONIL

Muitos jovens se afastam da vida religiosa ao verificarem o contraste entre a aparente religiosidade exterior de alguns companheiros e sua esterilidade espiritual. Outros, trazem a prática da religião demasiado sentimento e por seu sentimentalismo fazem com que a religiosidade seja mal interpretada pelas pessoas sérias. Religiosidade é o culto de Deus conjuntamente prestado pela razão, o coração e a vontade. O coração ou sentimento tem, pois, também seu papel, mas um elemento não deve demasiar-se em deferimento dos outros dois. Da religiosidade exageradamente sentimental pode-se dizer o que, infelizmente, alguns afirmam de toda a religiosidade: ela é própria só para o povo e as mulheres.

Como? A religião é boa somente para o povo e as mulheres? Para os cultos, inteligentes homens modernos não serve? — Certo que serve! A religiosidade bem compreendida, real, varonil, serve e sem contestação!

E quando será ela, real e varonil?

Podem alguns ter idéias de religião adulterada quanto o quiserem; não poderão negar que ela é um dos mais belos ornatos que constituem a verdadeira nobreza do homem.

Em nossos tempos, tentaram tirar à religião sua autenticidade, e substituí-la por diversas especulações científicas; em vão! Onde se atacou a religião, começou a decadência da virtude, da honestidade, do sentimento do dever, da consciência, do caráter, — numa palavra, dos mais belos ideais da humanidade. Podemos buscar exemplos na história dos antigos gregos, dos romanos e outros povos. Ali, a vida dos próprios sábios, que procuravam tudo o que era bom e nobre, não se isentava de falhas, porque eles não conheciam a ver dadeira religiosidade.

Mas, que é a verdadeira religiosidade?

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Lei do Sacrifício

“Nem todas as tendências dentro de nós são boas, de forma a poderem levar-nos a excessos. As três tendências básicas dentro de nós dizem respeito ao espírito, ao corpo e às coisas. O instinto que pede aumento de conhecimentos pode transformar-se em orgulho e a liberdade em licença. O instinto da carne e da propagação pode transformar-se em sensualidade invulgar. O instinto, ávido de posse, pode vir a ser avareza e exagero de gula. Se deixarmos à solta estes ímpetos, sem disciplina, serão como o potro por treinar ou cão que não foi habituado à casa.

Há ainda outra razão para disciplina: é que existe em nós uma dupla lei de gravidade: uma, a lei espiritual impele-nos para Deus, nosso Criador; a outra, resultado da herança do pecado, é a lei que nos empurra para baixo, para a Matéria. Todas as pessoas se transformam, de acordo com o que amam. Se a criatura ama o espírito, espiritualiza-se. Se ama a carne, materializa-se. As duas leis da gravitação podem ser comparadas a uma encosta. Se o homem sobe por meio do seu esforço e autodomínio, obedece à primeira lei. A segunda é o precipício, onde se cai fatalmente sem energias defensivas.

No egoísmo, o ego é centro de tensão, preocupação e satisfação, enquanto que aos outros se oferece a circunferência. De forma a podermos desenraizar o eu, e colocá-lo na circunferência, de forma a levar-mos uma vida consagrada toda ao sacrifício, os outros têm de ser localizados no centro. Para isto, porém, é necessário domesticar os impulsos errantes, matar em nós toda a tendência para o que é baixo, por vezes disciplinar até as mais legítimas satisfações. A vida pode então atingir um ponto em que, em vez de serem os outros o centro, é Deus que começa a sê-lo. Nesta altura, o ser humano começa a ser utilizado pelo Omnipotente como instrumento Seu. Assim como um lápis escreve seja o que for que a pessoa dita, assim a pessoa inteiramente consagrada a Deus é instrumento do poder divino. Se o lápis se voltasse contra a mão que o segura, a sua eficácia correria perigo. As obras máximas na terra são executadas por aqueles que totalmente se entregam à vontade de Deus, em sacrifício absoluto, de forma que nos seus pensamentos, palavras e acções só o poder divino se manifesta.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

O corpo bem adestrado

Não duvido que tenhas mais de um vez ouvido a frase que nos vem da antiguidade: “Mens Sana in corpore sano”. Quisera fazer-te notar a este respeito que, não somente o corpo são e bem adestrado é precioso auxiliar que nos ajuda a bem cumprir nossa missão neste mundo, mas também que a alma jovem dispõe-se com maior facilidade a se transformar num caráter e a permanecer firme num corpo bem aguerrido, bem exercitado, bem destro, do que num montão de carne gorda, mole e preguiçosa. Faz exercício de ginástica e de trabalho físico todos os dias, mormente nos anos de adolescência, a partir dos 13 ou 14 anos; é ainda um bom meio para conseguir assegurar a pureza de alma. O jovem que cuida todos os dias de fadigar não somente o espírito, mas também o corpo, estará muito menos exposto às tentações do que o moço ocioso e indolente. O corpo amimado, afagado e farto de gulodices embriaga-se com a sua importância: nada mais natural. Quer ser o senhor, quer reinar, torna-se exigente e, golpe sobre golpe, envia o assalto e artilharia das tentações sensuais contra a pobre alma.

O corpo é inimigo em nossa própria casa: sempre pronto ao mal, cheio de displicência pelo bem. Contudo, se tomares cuidado de bem exercitar, de disciplinar, de domar em todos os sentidos esse lobo esfaimado _ numa palavra, se o obrigares a fazer um bom exercício de ginástica todos os dias, _ verás que ele desiste de suas pretensões impudentes.

sábado, 23 de abril de 2016

A respeito da inquietação nos negócios - São Francisco de Sales

Grande diferença há entre os cuidados dos negócios e a inquietação, entre a diligência e a ansiedade. Os anjos procuram a nossa salvação com o maior cuidado que podem, porque isto é segundo a sua caridade e não é incompatível com a sua tranquilidade e paz celestial; mas, como a ansiedade e a inquietação são inteiramente contrárias à sua bem-aventurança, nunca as têm por nossa salvação, por maior que seja seu zelo.

Dedica-te, Filotéia, aos negócios que estão ao teu encargo, pois Deus, que os confiou a ti, quer que cuides neles com a diligência necessária; mas, se é possível, nunca te entregues ao ardor excessivo e ansiedade; toda inquietação perturba a razão e nos impede de fazer bem aquilo mesmo por que nos inquietamos.

Repreendendo Nosso Senhor a Santa Marta, lhe disse: “Marta, Marta, tu andas muito inquieta e te embaraças com o cuidar de muitas coisas.” Toma sentido nestas palavras, Filotéia. Se ela tivesse tido um cuidado razoável, não se teria perturbado; mas ela muito se inquietava e perturbava e foi esta a razão por que Nosso Senhor a repreendeu. Os rios que coleiam suave e tranquilamente através dos campos levam grandes botes com ricas mercadorias, e as chuvas brandas e moderadas dão fecundidade à terra; ao passo que os rios e torrentes, que se precipitam em borbulhões, arruínam e desolam tudo, sendo inúteis ao comércio, e as chuvas tempestuosas assolam os campos e os prados.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

A masculinidade roubada

ESCRITO POR ALBERTO MANSUETI 
Em “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, publicado em 1884, ano seguinte à morte de Marx (1883), Friedrich Engels mostrou aos marxistas que o capitalismo está estritamente ligado à família. Portanto, para destruir o capitalismo, é necessário destruir a família.
O século 20 pode ser chamado de “século do marxismo”: todos os países do mundo, quase sem exceção, foram aplicando todas e cada uma das dez medidas econômicas enumeradas por Marx e Engels no “Programa mínimo” do Manifesto Comunista de 1848, capítulo 2. Assim o capitalismo foi eliminado em muitos países, e em outros foi seriamente mutilado, e tolhido em sua capacidade de gerar riqueza, em especial para os mais pobres.
Primeira consequência: o salário normal de um trabalhador ou empregado não é suficiente para sustentar uma família, e cada lar necessita de pelo menos dois salários para subsistir. Segunda consequência: o trabalho da esposa já não é uma opção livremente escolhida, para realizar-se fora do lar, em seu negócio, ofício, profissão ou atividade lucrativa, mas uma obrigação premente, por causa da escassez material, em razão da aplicação do marxismo clássico ortodoxo à economia.
Em uma economia capitalista, o trabalho fora do lar seria para cada mãe uma opção, não um fardo. E ao escolhê-la, tal ingresso permitiria que encontrasse paliativos para sua ausência momentânea de casa, sem conflitos; porém isso é impossível quando tal fato é absolutamente necessário, dada a insuficiência do ingresso apenas do marido em uma economia não capitalista, pouco eficiente e pouco rentável. Assim, são inevitáveis os conflitos domésticos, causando disfunções e rupturas familiares em massa. Gol do marxismo!

segunda-feira, 28 de março de 2016

A EDUCAÇÃO DA VONTADE


Três coisas têm grande influência sobre a vontade: o sentimento, a imaginação e o temperamento. Não somos totalmente senhores deles; o “livre arbítrio” do homem não é, pois, completo em nós. Tu mesmo deves ter notado que um dia te levantas triste e abatido, e que no dia seguinte, ao invés, estás tão alegre que terias vontade de dançar; e não podes dizer a razão nem do abatimento de ontem, nem da alegria de hoje.

O mesmo ocorre com a imaginação. De repente, e sem causa alguma, as recordações de um acontecimento passado emergem na tua memória, ou entãopor sob os vincos da tua fronte, idéias absurdas e imagens enganadoras se desenham. Donde vêm? Por que é que se apresentam naquele minuto preciso? Não saberias dizê-lo … E é de frequente que a nossa imaginação assim nos jogueteia, é a miúdo que nos mostra dificuldades imensas e obstáculos insuperáveis no caminho dos nossos trabalhos, para nos desgostar deles. Se tens um dente para mandar extrair ou tratar, não é o trabalho do dentista que é o mais doloroso; é a meia hora que passas na sala de espera, deixando livre campo à tua imaginação que te mostra, exagerando-o atrozmente, o sofrimento que te aguarda.

Pois bem, meu filho, se não somos totalmente senhores dos nossos sentimentos e da nossa imaginação, cumpre-nos entretanto tentar estender o reino da nossa vontade até à atividade deles; cumpre-nos velar sobre os sentimentos e tomar as rédeas à imaginação. Acordaste de mau humor? Não importa! Trata de sorrir e de cantar, já estarás vitorioso, – em parte ao menos.


Tens um trabalho de álgebra que fazer. Tua imaginação pinta-o sob imagens assustadoras: “Escuta, esse problema é tão difícil que vais suar frio!” Pois bem , contradize-a! Dize-lhe: “Não é verdade! És uma mentirosa, minha querida imaginação! A solução não é tão terrível assim; tu aumentas as dificuldades; para que pareçam maiores do que são … pois afronto-as”.

domingo, 20 de março de 2016

CONDE D'EU: UM EXEMPLO DE PRÍNCIPE

As vésperas do XXV Encontro Monárquico, que terá uma palestra, proferida pelo Professor Alexandre Armando dos Santos, intitulada "A verdadeira face do Conde d´Eu, revelada em sua correspondência pessoal", o Blog Monarquia Já tem o prazer de republicar uma sessão do compêndio de "Estudos de História Imperial", elaborado no ano de 1950 pelo Professor Helio Vianna, que tenta fazer justiça a biografia do grande Príncipe Gastão de Orléans, Conde d'Eu e Marechal do Exército Brasileiro, que sofreu grave campanha difamatória durante a Monarquia e na república é caluniado por muitos escritores.
Nesta sessão, o Professor Helio Vianna comprova, com documentos, a dignidade e honra do Conde d'Eu, mostrando como era justo e honesto com seus colegas de Exército, seja amparando veteranos desvalidos, solidarizando-se com também com os inválidos, ou concedendo o perdão a oficiais desleais. O Conde d'Eu, segundo este brilhante relato, foi também um dos maiores promotores do desenvolvimento do Exército do Brasil.

Confira:


O Príncipe Gastão de Orléans, Conde d'Eu
Marechal do Exército do Brasil
Herói da Guerra do Paraguai

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A educação moderna criou adultos que se comportam como bebês


A educação moderna exagerou no culto à autoestima – e produziu adultos que se comportam como crianças. Como enfrentar esse problema é o tema da reportagem a seguir, publicada na revista Época.

Os alunos do 3º ano de uma das melhores escolas de ensino médio dos Estados Unidos, a Wellesley High School, em Massachusetts, estavam reunidos numa tarde ensolarada para o momento mais especial de sua vida escolar: a formatura. Com seus chapéus e becas coloridos e pais orgulhosos na plateia, todos se preparavam para ouvir o discurso do professor de inglês David McCullough Jr. Esperavam, como sempre nessas ocasiões, uma ode a seus feitos acadêmicos, esportivos e sociais. O que ouviram do professor, porém, pode ser resumido em quatro palavras: vocês não são especiais. Elas foram repetidas nove vezes em 13 minutos. “Ao contrário do que seus troféus de futebol e seus boletins sugerem, vocês não são especiais”, disse McCullough logo no começo. “Adultos ocupados mimam vocês, os beijam, os confortam, os ensinam, os treinam, os ouvem, os aconselham, os encorajam, os consolam e os encorajam de novo. (…) Assistimos a todos os seus jogos, seus recitais, suas feiras de ciências. Sorrimos quando vocês entram na sala e nos deliciamos a cada tweet seus. Mas não tenham a ideia errada de que vocês são especiais. Porque vocês não são”.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Música, Inteligência e Personalidade

Nota do Tradutor: Na tradução, eu mantive a palavra "tam-tam" que em certo momento se refere à tambores simples, mas em outros momentos me parece ter um sentido diferente (algo como aquelas músicas de baladas "tunts tunts", lol), então prefiro não mudar.


Autor: Dr. Minh Dung NGHIEM
Fonte na web: Salve Regina 
 Data de publicação original: Novembro de 2003


“Depois de uma década de investigação, eu percebi que há um problema político, o globalismo, que é um meio de obrigar as pessoas a comprar de uma única cultura, para ganhar um monte de dinheiro.” (declaração do autor)


Todo mundo acha que “a música acalma o selvagem”, que é uma “arte menor”, um entretenimento mundano, etc. Raros são os que sabem que ela pode tornar as pessoas violentas, transformá-las em selvagens, e finalmente o progresso técnico pode trazer efeitos nefastos sobre nossas crianças! Neste artigo, nós não trataremos dos efeitos perversos da televisão sobre a mente dos jovens, porque este assunto já tem sido tratado [1]. Na década de 1980, alguns jovens “faziam cena” e falavam em “linguagem da fotografia” (sic), eles raciocinavam “por imagens” de acordo com a “mentalidade primitiva”, estudada no início deste século por Levy-Bruhl. Abuso de televisão, e sem dúvida também do cinema ou de quadrinhos – ou qualquer coisa que estimula os mecanismos de raciocínio analógico do cérebro – pode interromper a maturação mental das crianças. Nós publicamos os resultados de uma pesquisa sobre os efeitos de diferentes músicas sobre o cérebro das crianças. Eles mostram que as “músicas jovens” à base de tam-tam, que podem levar a transe, são suscetíveis de parar a formação da inteligência e da personalidade do homem. Inversamente, a música barroca permite uma melhor integração da civilização ocidental, greco-latina e judaico-cristã [2].

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Lições sobre Masculinidade de Winston Churchill


Nota do editor: Este é um post de Jonathan W. Thomas. Sr. Thomas possui o maior  blog anglófilo  do mundo - Anglotopia - que se tornou um local de encontro para Anglofilos em todo o mundo. Você pode entrar em contato com ele no Twitter @jonathanwthomas.

Como um anglófilo ardente, eu tenho muito respeito e admiração por Winston Churchill - O líder da Grã-Bretanha durante os anos cruciais da Segunda Guerra Mundial. Embora ele não tenha sido um homem perfeito em qualquer área - ele era um grande homem cuja vida tem muito a nos ensinar sobre a masculinidade.
Winston Churchill realmente sintetizou o que significava ser um homem no início do século XX. Então, quais foram esses traços viris e como podemos aplicá-los às nossas próprias vidas? Vamos dar uma olhada.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Aprendendo a escrever

Olavo de Carvalho
O Globo, 3 de fevereiro de 2001

 
É lendo que se aprende a escrever - eis o tipo mesmo da fórmula sintética que traz dentro muitas verdades, mas que de tão repetida acaba valendo por si mesma, como um fetiche, esvaziada daqueles conteúdos valiosos que, para ser apreendidos, requereriam que a fórmula fosse antes negada e relativizada dialeticamente do que aceita sem mais nem menos.

Ler, sim, mas ler o quê? E basta ler ou é preciso fazer algo mais com o que se lê? Quando a fórmula passa a substituir estas duas perguntas em vez de suscitá-las, ela já não vale mais nada.

A seleção das leituras supõe muitas leituras, e não haveria saída deste círculo vicioso sem a distinção de dois tipos: as leituras de mera inspeção conduzem à escolha de um certo número de títulos para leitura atenta e aprofundada. É esta que ensina a escrever, mas não se chega a esta sem aquela. Aquela, por sua vez, supõe a busca e a consulta. Não há, pois, leitura séria sem o domínio das cronologias, bibliografias, enciclopédias, resenhas históricas gerais. O sujeito que nunca tenha lido um livro até o fim, mas que de tanto vasculhar índices e arquivos tenha adquirido uma visão sistêmica do que deve ler nos anos seguintes, já é um homem mais culto do que aquele que, de cara, tenha mergulhado na "Divina comédia" ou na "Crítica da razão pura" sem saber de onde saíram nem por que as está lendo.

domingo, 2 de novembro de 2014

Leitura de macho

RICHARD A. SHWEDER
DO "THE NYT BOOK REVIEW"


O dedo acusador das feministas tem sido apontado para muitas partes diferentes da anatomia masculina, mas os objetos de escárnio preferidos são o cérebro robótico do homem, seu coração de granito e aquela coisa entre suas pernas. Os homens são defeituosos: brutos, competitivos, exploradores, insensíveis, desligados de relações sociais significativas, inacessíveis no que tange a sentimentos e distraídos quanto a coisas de que não querem ouvir falar.
Recentemente, alguns homens distraídos e insensíveis começaram a perceber que as feministas não gostam deles. Uma literatura sobre a crise de identidade masculina lançou-se na cena pública, apresentando títulos como The End of Manhood (O Fim da Virilidade), Myths of Masculinity (Mitos da Masculinidade), Not Guilty (Sem Culpa) e Why Men Hate Women (Por que os Homens Odeiam as Mulheres).
Acabo de ler uma série de livros da literatura da crise de identidade masculina. Esse gênero surgiu no final dos anos 80, resposta bastante demorada para 20 anos de crítica feminista. Ganhou alguma notoriedade em 1990, com a publicação de Iron John: A Book About Men (João de Ferro: Um Livro Sobre Homens), o antídoto de Robert Bly para a perda da alma masculina.

sábado, 4 de outubro de 2014

Dica de livro!

   Um membro do apostolado, Antonio de Pádua, adquiriu os livros do site Art of Manliness. Ótimo material!
http://www.artofmanliness.com/
      




quinta-feira, 22 de maio de 2014

Repouso autêntico

O Jornal, 29 de outubro de 1935

Nada é mais difícil, para o homem contemporâneo, do que repousar, e sobretudo repousar bem.

Há quem suponha que o cinema, o teatro, o esporte, sejam ótimos meios de repousar. No entanto, repouso significa, antes de tudo, distensão do espírito. E todas as diversões modernas tendem constantemente a provocar em nós uma excitação, que será tanto maior quanto mais réussie [bem sucedida, n.d.c.] estiver a diversão. O homem moderno não sabe mais distrair-se sem excitar-se. Ora, não é possível conciliar o repouso com a excitação. E por isto as existências em nossos dias se consomem precocemente no contato eletrizante com nossa civilização irrequieta.

Por sua natureza, o esporte seria um excelente meio de repouso para a inteligência. Mas, a mania das competições atléticas transformou-o em passa-tempo excitante, em que a ânsia de vencer recordes inúteis agita febrilmente os atletas e os espectadores.

O mesmo se dá com o cinema. Tome-se como exemplo um filme qualquer. Para agradar, precisa excitar. Em primeiro lugar, deve exacerbar a sensualidade com cenas ditas livres. Em segundo lugar, a ação deve decorrer em um ambiente impressionante pelo deslumbramento de um luxo excessivo, ou pelo horror de uma miséria completa. Os ambientes pequeno burgueses, em que a vida medíocre é a regra, são os piores para o êxito de um filme. Finalmente o enredo precisa apresentar aos espectadores sensações novas, situações complicadas em que a curiosidade se esforça inutilmente por adivinhar o desfecho que deve saltar, imprevisto, dos acontecimentos do drama, sob pena de deixar indiferente a assistência.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Conselhos de Mário Ferreira dos Santos para o desenvolvimento da inteligência

I. Leia as grandes obras da literatura universal, e procure vivê-las na imaginação e no sentimento. Recite os famosos monólogos da literatura como se fosse a própria personagem.

II. Dedique-se um pouco à arte teatral. Leia uma peça de teatro e procure interpretá-la. Os exercícios com peças teatrais facilita viver diversas vidas, o que é também um estimular da imaginação.

III. Exercitai a vossa imaginação. A leitura de poesias estimula o desenvolvimento da imaginação.

IV. Desenvolvei a vossa cultura. Para falar e escrever bem é preciso saber bem.

V. Estabelecei um tesouro de conhecimentos e emoções.

VI. Exercitai a vossa memória.

VII. Cuidai da vossa personalidade e integrai-vos numa totalidade coerente.

VIII. Concentrai vossas forças, meditai profundamente.

IX. Do que lerdes, anotai as coisas mais belas.

X. Escrevei vossos pensamentos.

(Cf. Mário Ferreira dos Santos, Práticas de Oratória)

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

37 regras de conversação para cavalheiros de 1875


1. Ainda que convencido de que seu oponente está errado, renda-se graciosamente, evite seguir com a discussão, ou deliberadamente mude de assunto, mas não defenda obstinadamente sua opinião até ficar irritado… Há muitos que, expressando opinião como se fossem leis, defendem posições com frases do tipo “Se eu fosse presidente, ou governador, iria…”, — e embora pelo calor do argumento só comprovem que são incapazes de governar o próprio temperamento, seguirão tentando persuadi-lo de que são perfeitamente competentes para liderar a nação.

2. Mantenha, se puder, uma opinião política fixa. Não a exponha em todas as ocasiões e, acima de tudo, não se proponha a forçar os outros a concordar com você. Ouça calmamente as ideias deles e, se não puder concordar, discorde polidamente e consiga que seu oponente, porquanto considere suas opiniões erradas, se veja obrigado a reconhecer que você é um cavalheiro.

3. Nunca interrompa ninguém; é rude apontar uma data ou um nome que a pessoa esteja hesitando em dizer, a não ser que te peçam para fazer isso. Outro erro crasso de etiqueta é antecipar algum ponto da história que a pessoa está contando, ou terminar a frase para roubar o final para si. Algumas pessoas justificam isso dizendo que o orador estava estragando uma boa história, mas isso não justifica. É muito grosseria deixar um homem entender que você não o considera apto a terminar uma anedota que ele começou.