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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Nuno Álvares Pereira, Condestável de Portugal, guerreiro e santo

Nascido em 1360, no Castelo de Sernache de Bonjardim, filho de um dos mais ilustres senhores do reino, D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem Militar dos Hospitalários, teve D. Nuno a educação militar dos nobres.
Aos 16 anos casou-se com D. Leonor de Alvim, muito virtuosa e tida como a mais rica herdeira do reino.
Tiveram três filhos: dois meninos, que morreram cedo, e uma menina, D. Beatriz, que foi tronco da Casa de Bragança.
Porém Nuno não se satisfazia com ser pacato castelão. Lembrava-se do dia em que fora armado cavaleiro, dos juramentos solenes que fizera, e perguntava a si mesmo:

"Passarei toda a vida assim? Para isto recebi tão solenemente a espada, sobre a qual fiz tão sérias promessas?"

O Rei D. Fernando, o formoso, entregara grande parte do reino ao invasor castelhano, sem qualquer resistência; homem apático, mole, desfibrado, mereceu de Camões o severo juízo: "um fraco rei faz fraca a forte gente".
E havia também o "grande desvario": Fernando ousara colocar no trono de Sta. Izabel, como Rainha de Portugal, a legítima esposa de um fidalgo que exilara — D. Leonor Teles, "a aleivosa".
As guerras tinham esgotado o tesouro real, levando o Rei a alterar o valor da moeda — espécie de inflação da época — logo acarretando carestia, câmbio negro e fome.
Condestável de Portugal, Beato Nuno Alvares Pereira, punho, heróis medievaisEm 1373 o exército castelhano invade o sul do país, a esquadra lusitana é fragorosamente derrotada em Saltes, Lisboa é cercada.
O Rei D. Fernando não tem força moral para resistir, os fidalgos da fronteira se desinteressam da defesa, bandeiam-se. O reino agoniza.
Nuno, aos 22 anos de idade, participa da defesa de Lisboa. Uma incursão fora dos muros, contra as tropas castelhanas que pilhavam os vinhedos, o coloca subitamente, com seus 50 homens, face a 250 inimigos.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

O Livro da Ordem de Cavalaria (c. 1274-1276)



RAMON LLULL (1232-1316)
Revisão: Rui Vieira da CUNHA (IHGB)

Deus honrado, glorioso, que sois cumprimento de todos os bens, por vossa graça e vossa bênção começa este livro que é da Ordem de Cavalaria.


INICIA O PRÓLOGO 
Por significação dos VII planetas, que são corpos celestiais e governam e ordenam os corpos terrenais, dividimos este Livro de cavalaria em VII partes, para demonstrar que os cavaleiros têm honra e senhorio sobre o povo para o ordenar e defender.

A primeira parte é do começo de cavalaria; a segunda, do ofício de cavalaria; a terceira, do exame que convém que seja feito ao escudeiro com vontade de entrar na ordem de cavalaria; a quarta, da maneira segundo a qual deve ser armado o cavaleiro; a quinta, do que significam as armas do cavaleiro; a sexta é dos costumes que pertencem ao cavaleiro; a sétima, da honra que se convém ser feita ao cavaleiro.

Em uma terra aconteceu que um sábio cavaleiro que longamente havia mantido a ordem de cavalaria na nobreza e força de sua alta coragem, e a quem a sabedoria e ventura o haviam mantido na honra da cavalaria em guerras e em torneios, em assaltos e em batalhas, elegeu a vida ermitã quando viu que seus dias eram breves e a natureza o impedia, pela velhice, de usar as armas. Então, desamparou suas herdades e herdou-as a seus infantes, e em um bosque grande, abundante de águas e árvores frutuosas, fez sua habitação e fugiu do mundo para que o enfraquecimento de seu corpo, no qual chegara pela velhice, não lhe desonrasse naquelas coisas que, com sabedoria e ventura ao longo do tempo o haviam honrado tanto. E, por isso, o cavaleiro cogitou na morte, relembrando a passagem deste século ao outro, e entendeu a sentença perdurável a qual havia de vir.

Em um belo prado havia uma árvore muito grande, toda carregada de frutos, onde o cavaleiro vivia naquela floresta. Debaixo daquela árvore havia uma fonte muito bela e clara, da qual eram abundantes o prado e as árvores que ali eram ao redor. E o cavaleiro havia em seu costume, todos os dias, de vir àquele lugar adorar e contemplar e pregar a Deus, a qual fazia graças e mercês da grande honra que Lhe havia feito todos os tempos de sua vida neste mundo.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Beato Bártolo Maria Longo

Bacharel em Direito. Edificou o Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia em 1876
Foi Beatificado por João Paulo II em 26 de Outubro de 1980.
O Papa João Paulo II o cita muitas vezes em sua  Encíclica sobre o Rosário: Rosarium Virginis Mariae

Bartolo Longo nasceu em Latiano, nas proximidades de Brindisi,  localizada no sul da Itália, em 10 de Fevereiro de 1841. Seus pais foram Bartolomeu (médico) e Antonia Luparelli (filha de um magistrado). Desde criança manifesta-se muito engenhoso, vivo e de caráter ardente. Aos seis anos foi levado a um internato dos Padres Escolapios, em Francavilla Fontana. Ali realizou os estudos primários e secundários (11 anos). O resto de seus estudos foram realizados em  Lecce e Nápoles. Aqui termina seus estudos de direito em 1864, aos 23 anos. Era de temperamento passional, sua estrutura o conduzia ao céu ou ao inferno; jamais a um lugar intermediário. Era elegante, bom moço e inteligente.

Na Universidade segue a moda anticristã da  época e dedica-se à política, às superstições e ao espiritismo: chegou a ser "medium" de primeiro grau e sacerdote espírita. Foi seu tempo de alienação juvenil, de busca desenfreada. O estudo, as diversões, a música (tocava piano) e os amigos preenchiam seus dias. Não sobrava tempo para a oração. E Deus foi desaparecendo dia após dia. Por outro lado, a filosofia de Hegel e o racionalismo de Renan o tinham totalmente preso. Começou a odiar a igreja, organizando conferências contra ela e louvando aos que criticavam o clero.

Esta experiência serviu-lhe paradoxalmente de degrau para redescobrir a fé definitivamente. Neste processo, foram instrumentos de Deus especialmente duas pessoas: um professor amigo (Vincenzo Pepe) e um sacerdote dominicano (o Padre Alberto Radente).

Sua conversão, ocorrida no dia do Sagrado Coração de Jesus de 1865, na igreja do Rosário de Nápoles, o levou a tomar decisões radicais: abandonou a vida mundana e dedicou-se a obras de caridade e ao estudo da religião. Renunciando inclusive a propostas muito vantajosas para a vida matrimonial.

Deus quis escolher este homem pecador como instrumento para propagar sua glória com a construção de um santuário dedicado à Santíssima Virgem Maria, que mais tarde será chamado Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia. Ali outros pecadores iriam  encontrar perdão e paz.

Em 1872  radica-se em  Pompéia por motivos profissionais: a condessa De Fusco confiou-lhe a administração de suas propriedades. Ficou profundamente impressionado com a miséria humana e religiosa dos pobres camponeses. A partir de uma inspiração especial decide se dedicar ao catecismo e à difusão do  Santo Rosário.

Em 1876, por sugestão do Bispo de Nola, inicia a "campanha de um 'salário mensal'" para construir um templo em Pompéia. Como resultado da cooperação humana e da intercessão prodigiosa de Maria surge um formoso Santuário. E em torno a esta construção nasce uma cidade mariana, enriquecida com numerosos institutos de caridade.

A castidade conjugal

Caros esposos, acabaste de vos unir pelas santas promessas, que acarretam novos e graves deveres, e eis que agora vos apresentais diante do Pai comum de todos os fiéis, para lhe ouvir as exortações e receber a bênção.
Pedimos-vos hoje que olheis para a Santíssima Virgem Maria, cujo título de Imaculada Conceição a Igreja celebrará depois de amanhã. Esse título afetuoso, que preludia todas as outras glórias de Maria, é um privilégio único, a ponto de Ela utilizá-lo para se identificar: 'Eu sou, disse ela à Santa Bernadete na gruta de Massabielle, eu sou a Imaculada Conceição.'
Uma alma imaculada! Quem dentre vós, ao menos nos melhores momentos, não desejou ter uma? Quem não ama o que é puro e imaculado? Quem não admira a brancura dos lírios refletidos no espelho de um lago límpido, ou os cumes nevada que refletem o azul do firmamento? Quem não inveja a alma cândida de Inês, de Luiz Gonzaga, ou de Teresinha do Menino Jesus?
O homem e a mulher eram imaculados quando saíram das mãos criadoras de Deus. Manchados depois pelo pecado, tiveram de começar, pelo sacrifício expiatório das vítimas sem mancha, a obra de purificação a que somente 'o preciosíssimo sangue de Cristo, o do Cordeiro imaculado e sem contaminação' (I Pd 1, 19) concedeu a eficácia redentora. E Jesus Cristo, para continuar a Sua obra, quis que a Igreja, a Sua Esposa Mística, fosse 'sem mácula, nem ruga... mas santa e imaculada' (Ef 5, 27). Caros esposos, esse é precisamente o modelo que o grande Apóstolo vos propõe: 'Maridos amai a vossas esposas, como também Cristo amou a Igreja' (Ef 5, 25), pois o que enobrece o sacramento do matrimônio é a relação existente entre ele e a união de Cristo com a Igreja (cf. Ef 3, 32).
Talvez penseis que a idéia de uma pureza sem mancha se adequa exclusivamente à virgindade, ideal sublime ao qual Deus não convida a todos os cristãos, mas tão somente a almas de elite. Vós conheceis algumas dessas almas, mas apesar de admirá-las, decidistes que a vossa vocação era outra. Sem se inclinar ao extremo da renúncia total dos gozos terrenos, vós, ao seguir a via ordinária dos mandamentos, desejais ver ao vosso redor uma gloriosa coroa de filhos, fruto da vossa união. E, todavia, o estado do matrimônio que Deus desejou para os homens em geral pode e deve ser puro e sem mancha.

sábado, 22 de abril de 2017

A VONTADE

A GRANDE GUERRA 
(LE COMBAT DE LA PURETÉ)
PELO PE. J. HOORNAERT, S.J.


17.ª Arma: a vontade

Neste nosso século de moleza e de comodidades, em que os moços, com um tostão, poupam-se a fadiga de cem metros de caminho que deveriam fazer a pé, tomando os carros elétricos, ou o ascensor, para evitar a subida de quarenta degraus, não será demasiado insistir sobre a grande importância da vontade.
Multíplices são as causas que enervam a sensibilidade.
Muito poucas as que contribuem para tornar viril o jovem, dando-lhe a verdadeira robustez.
A sólida formação do carácter e a educação geral da vontade, é que se deveria ter em vista, para toda e qualquer formação dos jovens.
Que fazer de todos esses abúlicos, desses anêmicos, cujo sangue parece carecer de glóbulos vermelhos e abundar de leucócitos?
Convencei-vos de que o menino mais disciplinado, o que tivesse maiores prêmios no colégio e fosse mesmo presidente de Congregação e conquistasse, cada ano, o primeiro prêmio de comportamento, estaria terrivelmente exposto a fraquear, se lhe falhasse a vontade.
Não é verdade? A pureza, sendo uma luta, exige lutadores e não, para repetir uma celebre expressão, “franguinhos piedosos”. São delicadinhos e ternos os frangos, mas, não vedes? que papel desempenham nos combates?!…

Não basta ser alguém ajuizado, é necessário que seja também enérgico e até ardente, pois “nada se faz de grande, sem as paixões”; e para se vingar em qualquer empresa, “é necessário ter o diabo no corpo”. (Tocqueville).
Retomemos, por alguns instantes, o assunto das leituras, encarado sob este aspecto, de que nos ocupamos: o da vontade.

sábado, 7 de janeiro de 2017

O que “Game of Thrones” tem a ver com pornografia?


“Game of Thrones”, o seriado de maior sucesso atualmente no mundo, diz muito sobre a nossa cultura e sobre o modo como estamos tratando as nossas mulheres.
Por Noah Filipiak | Tradução: Equipe CNP — O seriado de sucesso Game of Thrones, da HBO, recebeu 26 estatuetas do Emmy, incluindo o prêmio de "melhor série dramática" em 2015, e tem 18,6 milhões de pessoas assistindo a cada episódio da série — um recorde para o canal HBO —, praticamente a mesma população de Nova Iorque, o terceiro estado mais populoso dos Estados Unidos. Esse é um número muito grande, que abrange muitas pessoas e indica uma forte influência cultural.
O que faz as pessoas assistirem a Game of Thrones? Certamente, a atuação artística, o enredo, as personagens, a trama, as batalhas, os dragões e, é claro, as cenas exageradas e gratuitas de nudez e de sexo (incluindo uma cena longa e explícita de estupro que virou notícia ano passado).
Assim como o fenômeno de "Cinquenta Tons de Cinza", tudo isso traz à tona o problema do sexo como entretenimento de massa. O que faz um filme pornô ser "pornografia" e Game of Thrones ser um ícone premiado e bem-sucedido da cultura popular?

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Que é um Santo?

São Domingos Sávio
É um católico que durante a sua vida praticou de modo heroico as virtudes cristãs. É um homem como outro qualquer porém em sua vida, três elementos devem ficar illibados: a RETIDÃO de doutrina, a retidão de VIDA e o HEROÍSMO na prática das virtudes. Faltando um destes três elementos não pode haver santidade. Deve professar integralmente a religião de Jesus Cristo, de modo que não se encontre em sua doutrina professada, ou ensinada, falada ou escrita nenhum erro voluntário no que diz respeito aos dogmas da Igreja Católica. É o primeiro distintivo. A Retidão de vida consiste em praticar integralmente a vida cristã, tal qual é revelada por Jesus Cristo e revelada pela autoridade da Igreja.

Nenhum vício, nenhum elemento contrário à lei divina pode entrar em sua vida. Deve afastar todo pecado mortal e todo apego ao pecado venial. Com estes dois elementos temos um homem PERFEITO, mas NÃO temos ainda o Santo. O que consiste a santidade propriamente dita é o cumprimento do terceiro requisito ou  a prática heroica da virtude. A prática HEROICA da virtude, é mais que simples prática da virtude. O afastamento de todo pecado já é uma virtude e pode até ser uma virtude heroica num ponto determinado. Chama-se heroico o que exige de nossa parte um esforço acima do comum.

É mais que bravura, é BRAVURA desmedida.

É mais que coragem, é ARROJO extraordinário.

É mais que virtude é um HEROÍSMO da virtude.

E o santo é aquele que pratica a virtude de modo heroico. Agradecer um serviço prestado é educação. Retribuir um serviço é nobreza, fazer o bem ao próximo é virtude. Fazer bem aos INIMIGOS é heroísmo. Do mesmo modo pode-se dizer: Cumprir com os mandamentos de Deus e da Igreja é ser bom Católico. Fazer mais do que Deus pede é ser virtuoso. Praticar os conselhos evangélicos é ser santo. Eis o que é um santo. É ser homem pela natureza e ser anjo pela virtude.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

RELIGIOSIDADE VARONIL

Muitos jovens se afastam da vida religiosa ao verificarem o contraste entre a aparente religiosidade exterior de alguns companheiros e sua esterilidade espiritual. Outros, trazem a prática da religião demasiado sentimento e por seu sentimentalismo fazem com que a religiosidade seja mal interpretada pelas pessoas sérias. Religiosidade é o culto de Deus conjuntamente prestado pela razão, o coração e a vontade. O coração ou sentimento tem, pois, também seu papel, mas um elemento não deve demasiar-se em deferimento dos outros dois. Da religiosidade exageradamente sentimental pode-se dizer o que, infelizmente, alguns afirmam de toda a religiosidade: ela é própria só para o povo e as mulheres.

Como? A religião é boa somente para o povo e as mulheres? Para os cultos, inteligentes homens modernos não serve? — Certo que serve! A religiosidade bem compreendida, real, varonil, serve e sem contestação!

E quando será ela, real e varonil?

Podem alguns ter idéias de religião adulterada quanto o quiserem; não poderão negar que ela é um dos mais belos ornatos que constituem a verdadeira nobreza do homem.

Em nossos tempos, tentaram tirar à religião sua autenticidade, e substituí-la por diversas especulações científicas; em vão! Onde se atacou a religião, começou a decadência da virtude, da honestidade, do sentimento do dever, da consciência, do caráter, — numa palavra, dos mais belos ideais da humanidade. Podemos buscar exemplos na história dos antigos gregos, dos romanos e outros povos. Ali, a vida dos próprios sábios, que procuravam tudo o que era bom e nobre, não se isentava de falhas, porque eles não conheciam a ver dadeira religiosidade.

Mas, que é a verdadeira religiosidade?

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Pequeno catecismo do namoro

O que é “namoro”?

Namoro é o período em que o rapaz e a moça procuram conhecer-se em preparação para o matrimônio.

Em que consiste o matrimônio?

No matrimônio homem e mulher doam seus corpos, constituem uma só carne e tornam-se instrumentos de Deus na geração de novas vidas humanas.

Então, em que deve consistir a preparação ao matrimônio?

Antes de dar os corpos é preciso doar as almas. No namoro os jovens procuram conhecer não o corpo do outro, mas sua alma.

Que conclusão podemos tirar daí?

Os namorados não podem ter relações sexuais (fornicação), nem atitudes contrarias à castidade.

Porque?

Pois o corpo do outro ainda não lhes pertence, pelo sacramento do matrimônio religioso. Unir-se ao corpo alheio, antes do casamento na Igreja é um pecado contra a castidade e contra a justiça, e como nosso corpo é o templo do Espírito Santo (1 Cor. 6, 19), a profanação de nosso corpo é algo semelhante a um sacrilégio.

São permitidos os abraços e beijos?

Porém não é apenas a fornicação que é pecado, mas também tudo o que provoca o desejo da fornicação, como abraços e beijos.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Lei do Sacrifício

“Nem todas as tendências dentro de nós são boas, de forma a poderem levar-nos a excessos. As três tendências básicas dentro de nós dizem respeito ao espírito, ao corpo e às coisas. O instinto que pede aumento de conhecimentos pode transformar-se em orgulho e a liberdade em licença. O instinto da carne e da propagação pode transformar-se em sensualidade invulgar. O instinto, ávido de posse, pode vir a ser avareza e exagero de gula. Se deixarmos à solta estes ímpetos, sem disciplina, serão como o potro por treinar ou cão que não foi habituado à casa.

Há ainda outra razão para disciplina: é que existe em nós uma dupla lei de gravidade: uma, a lei espiritual impele-nos para Deus, nosso Criador; a outra, resultado da herança do pecado, é a lei que nos empurra para baixo, para a Matéria. Todas as pessoas se transformam, de acordo com o que amam. Se a criatura ama o espírito, espiritualiza-se. Se ama a carne, materializa-se. As duas leis da gravitação podem ser comparadas a uma encosta. Se o homem sobe por meio do seu esforço e autodomínio, obedece à primeira lei. A segunda é o precipício, onde se cai fatalmente sem energias defensivas.

No egoísmo, o ego é centro de tensão, preocupação e satisfação, enquanto que aos outros se oferece a circunferência. De forma a podermos desenraizar o eu, e colocá-lo na circunferência, de forma a levar-mos uma vida consagrada toda ao sacrifício, os outros têm de ser localizados no centro. Para isto, porém, é necessário domesticar os impulsos errantes, matar em nós toda a tendência para o que é baixo, por vezes disciplinar até as mais legítimas satisfações. A vida pode então atingir um ponto em que, em vez de serem os outros o centro, é Deus que começa a sê-lo. Nesta altura, o ser humano começa a ser utilizado pelo Omnipotente como instrumento Seu. Assim como um lápis escreve seja o que for que a pessoa dita, assim a pessoa inteiramente consagrada a Deus é instrumento do poder divino. Se o lápis se voltasse contra a mão que o segura, a sua eficácia correria perigo. As obras máximas na terra são executadas por aqueles que totalmente se entregam à vontade de Deus, em sacrifício absoluto, de forma que nos seus pensamentos, palavras e acções só o poder divino se manifesta.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Chamados ao Combate

Um curta metragem produzido pela diocese de Phoenix nos EUA, sobre a crise na sociedade que estamos enfrentando por conta de uma masculinidade deficiente.

A Cruz do casamento


Pense num mundo sem divórcio. Pense em famílias que não se separam. Pense na ausência de crianças machucadas ou corações dilacerados.

Traduzido do original por Rogério Schmitt.

O casamento é a vocação mais desafiadora que existe, e o divórcio está aumentando em toda parte. Mas há uma cidadezinha na Europa que é uma exceção – uma notável exceção – a esta estatística perturbadora.

Na cidade de Siroki-Brijeg, na Bósnia e Herzegovina, nenhum divórcio ou família separada jamais foi registrado entre os seus mais de 26 mil* habitantes! Qual seria o segredo do seu sucesso?

A resposta é a bela tradição matrimonial do povo croata de Siroki-Brijeg. Na verdade, a tradição croata de casamento está começando a chegar ao resto da Europa e aos Estados Unidos, especialmente entre católicos devotos que perceberam as bênçãos que ela confere!

O povo de Siroki-Brijeg sofreu cruelmente por séculos, pois a sua fé cristã sempre foi ameaçada, primeiro pelos turcos muçulmanos e depois pelos comunistas. Eles aprenderam, por experiência própria, que a fonte da salvação chega através da Cruz de Cristo! Ela não chega através da ajuda humanitária, dos tratados de paz ou dos planos de desarmamento – ainda que essas coisas possam trazer benefícios limitados.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

O corpo bem adestrado

Não duvido que tenhas mais de um vez ouvido a frase que nos vem da antiguidade: “Mens Sana in corpore sano”. Quisera fazer-te notar a este respeito que, não somente o corpo são e bem adestrado é precioso auxiliar que nos ajuda a bem cumprir nossa missão neste mundo, mas também que a alma jovem dispõe-se com maior facilidade a se transformar num caráter e a permanecer firme num corpo bem aguerrido, bem exercitado, bem destro, do que num montão de carne gorda, mole e preguiçosa. Faz exercício de ginástica e de trabalho físico todos os dias, mormente nos anos de adolescência, a partir dos 13 ou 14 anos; é ainda um bom meio para conseguir assegurar a pureza de alma. O jovem que cuida todos os dias de fadigar não somente o espírito, mas também o corpo, estará muito menos exposto às tentações do que o moço ocioso e indolente. O corpo amimado, afagado e farto de gulodices embriaga-se com a sua importância: nada mais natural. Quer ser o senhor, quer reinar, torna-se exigente e, golpe sobre golpe, envia o assalto e artilharia das tentações sensuais contra a pobre alma.

O corpo é inimigo em nossa própria casa: sempre pronto ao mal, cheio de displicência pelo bem. Contudo, se tomares cuidado de bem exercitar, de disciplinar, de domar em todos os sentidos esse lobo esfaimado _ numa palavra, se o obrigares a fazer um bom exercício de ginástica todos os dias, _ verás que ele desiste de suas pretensões impudentes.

segunda-feira, 28 de março de 2016

A EDUCAÇÃO DA VONTADE


Três coisas têm grande influência sobre a vontade: o sentimento, a imaginação e o temperamento. Não somos totalmente senhores deles; o “livre arbítrio” do homem não é, pois, completo em nós. Tu mesmo deves ter notado que um dia te levantas triste e abatido, e que no dia seguinte, ao invés, estás tão alegre que terias vontade de dançar; e não podes dizer a razão nem do abatimento de ontem, nem da alegria de hoje.

O mesmo ocorre com a imaginação. De repente, e sem causa alguma, as recordações de um acontecimento passado emergem na tua memória, ou entãopor sob os vincos da tua fronte, idéias absurdas e imagens enganadoras se desenham. Donde vêm? Por que é que se apresentam naquele minuto preciso? Não saberias dizê-lo … E é de frequente que a nossa imaginação assim nos jogueteia, é a miúdo que nos mostra dificuldades imensas e obstáculos insuperáveis no caminho dos nossos trabalhos, para nos desgostar deles. Se tens um dente para mandar extrair ou tratar, não é o trabalho do dentista que é o mais doloroso; é a meia hora que passas na sala de espera, deixando livre campo à tua imaginação que te mostra, exagerando-o atrozmente, o sofrimento que te aguarda.

Pois bem, meu filho, se não somos totalmente senhores dos nossos sentimentos e da nossa imaginação, cumpre-nos entretanto tentar estender o reino da nossa vontade até à atividade deles; cumpre-nos velar sobre os sentimentos e tomar as rédeas à imaginação. Acordaste de mau humor? Não importa! Trata de sorrir e de cantar, já estarás vitorioso, – em parte ao menos.


Tens um trabalho de álgebra que fazer. Tua imaginação pinta-o sob imagens assustadoras: “Escuta, esse problema é tão difícil que vais suar frio!” Pois bem , contradize-a! Dize-lhe: “Não é verdade! És uma mentirosa, minha querida imaginação! A solução não é tão terrível assim; tu aumentas as dificuldades; para que pareçam maiores do que são … pois afronto-as”.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Masculinidade: restaurando a identidade do homem

“Eis o homem!” (Jo 19, 5)

A humanidade tem caminhado para a desconstrução, para fragmentação de questões essenciais, como a sexualidade e a própria identidade. O resultado, cada vez mais aparente, são simulacros de homens e mulheres, totalmente frágeis e feridos, que se perdem em escolhas e que formam outros homens e mulheres ainda mais debilitados em sua identidade.

Além disso, ao longo da história, os ataques, cada vez mais bruscos, de movimentos pautados em agendas feministas, têm provocado uma guerra feroz entre homens e mulheres; “um tal processo leva a uma rivalidade entre os sexos, onde a identidade e o papel de um são assumidos em prejuízo do outro, com a consequência de introduzir na antropologia uma perniciosa confusão, que tem o seu revés mais imediato e nefasto na estrutura da família” 1.

“Sê enérgico. – Sê viril. – Sê homem!” (São Josemaría Escrivá)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Sobre a escolha da esposa

São João Crisóstomo escreveu uma homilia intitulada “Como escolher uma Esposa”. Transcrevemos abaixo os principais trechos:
1) Portanto, quando fordes escolher uma esposa, não examineis somente as leis do Estado, mas, antes, examineis as leis da Igreja. Deus não vos julgará no último dia segundo as leis do Estado, mas segundo Suas leis.
2) Não é mesmo uma tolice? Quando estamos sob ameaça de perder dinheiro, tomamos todos os cuidados possíveis, mas quando nossa alma está sob risco de ser eternamente punida, nem ao menos prestamos atenção.
3) Tu sabes que tem duas escolhas. Se tu escolheres uma má esposa, terás de enfrentar aborrecimentos. Se não aceitares enfrentá-los, serás culpado de adultério por divorciar-te dela. Se tivesses investigado as leis do Senhor e as conhecesse bem antes de te casares, terias tomado muito cuidado e escolhido uma esposa decente e compatível com teu caráter desde o início . Se tivesses te casado com uma esposa assim, terias ganhado não apenas o benefício de não te divorciares dela como o benefício de amá-la intensamente, conforme Paulo ordenou. Pois quando ele diz Maridos, amem vossas esposas, ele não pára por aí, mas fornece a medida deste amor, como Cristo amou a Igreja.
4) Vejamos, porém, se a beleza e a virtude da alma da noiva atraiu o Noivo. Não, ela não era atraente nem pura, conforme estas palavras de Paulo: Ele se entregou por ela para a santificar, purificando-a com a lavagem da água (Efésios 5:25-26). […] Apesar disso, Ele não abominou sua feiúra, mas neutralizou sua repulsividade, remoldando-a, reformando-a e remitindo seus pecados. Tu deves imitá-Lo. Mesmo que tua esposa peque contra ti mais vezes do que podes contar, tu deves perdoá-la em tudo.

sábado, 16 de janeiro de 2016

O santo mistério

Porém já vês, meu filho, quanto são de lastimar esses infortunados. Porque, se conhecessem o santo dever, a nobre tarefa que Deus ligou a esse instinto humano, não falariam dele com tão desfaçada grosseria.  
Julga tu mesmo, meu filho, que vulgar maneira de pensar, que degradação da alma é precisa para inventar e espelhar pilherias porcas sobre um dos mais santos e mais nobres privilégios de que o Criador quis revestir o homem.
"Não sabeis que sois o Templo do Espirito-Santo que habita em vós?" diz a Sagrada Escritura (1. Corintios, VI, 19). Num templo cada lugar é santo, no nosso corpo também tudo é santo, pois ele vem de Deus. Mas em cada templo há uma parte que é especialmente santa: o tabernáculo onde o próprio Senhor habita no Santíssimo Sacramento e do qual só nos devemos aproximar inclinando a cabeça, ajoelhando-nos com profundo respeito;  no corpo humano também há um lugar particularmente secreto — não é o coração, não é o cérebro — porém o órgão onde habita uma parcela da força criadora do Onipotente e no qual não devemos pensar senão com profundo respeito.
Com quanto mais respeito pensares na santa força criadora que acorda em ti entre os quatorze e os dezesseis anos, tanto mais claramente tomarás consciência de que no teu corpo, consoante a admirável vontade de Deus, dormitam a vida, a felicidade e o futuro de toda uma geração, tanto menos troçá-la-ás, tanto menos sorrirás dela, e mesmo dela absolutamente não falarás.
De feito, o nascimento da vida é na natureza inteira um segredo. Segredo santo e impressionante. Lá onde começa uma nova vida, o Deus Criador lança sempre um véu. A borboleta esconde-se num casulo quando muda de forma, ninguém a vê. E quem jamais viu a semente germinar? Ninguém. Profundamente escondida no seio da terra, ela surge para uma nova vida. Quem jamais viu o cristal da ametista azul e do rubi vermelho formar-se no silêncio absoluto das profundezas misteriosas dos rochedos? Ninguém. O começo, o nascimento, a origem da vida estão por toda parte misteriosamente ocultos. Em vão o homem investiga o começo da vida: o maior sábio finalmente percebe haver chegado ao limiar dum flutuado fechado. Um passo mais e — é Deus que se ergue diante dele.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O matrimônio na visão de Tolkien


De uma carta para seu filho Michael Tolkien

6-8 de março de 1941

Os relacionamentos de um homem com as mulheres podem ser puramente físicos (na verdade eles não podem, é claro, mas quero dizer que ele pode recusar-se a levar outras coisas em consideração, para o grande dano de sua alma (e corpo) e das delas); ou “amigáveis”; ou ele pode ser um “amante” (empenhando e combinando todos os seus afetos e poderes de mente e corpo em uma emoção complexa poderosamente colorida e energizada pelo “sexo”). Este é um mundo decaído. A desarticulação do instinto sexual é um dos principais sintomas da Queda. O mundo tem “ido de mal a pior” ao longo das eras. As várias formas sociais mudam, e cada novo modo tem seus perigos especiais: mas o “duro espírito da concupiscência” vem caminhando por todas as ruas, e se instalou em todas as casas, desde que Adão caiu. Deixaremos de lado os resultados “imorais”. Para esses você não deseja ser arrastado. À renúncia você não tem nenhum chamado. “Amizade”, então? Neste mundo decaído, a “amizade” que deveria ser possível entre todos os seres humanos é praticamente impossível entre um homem e uma mulher. O diabo é incessantemente engenhoso, e o sexo é seu assunto favorito. Ele é da mesma forma bom tanto em cativá-lo através de generosos motivos românticos, ou ternos, quanto através daqueles mais vis ou mais animais. Essa “amizade” tem sido tentada com freqüência: um dos dois lados quase sempre falha. Mais tarde na vida, quando o sexo esfria, tal amizade pode ser possível. Ela pode ocorrer entre santos. Para as pessoas comuns ela só pode ocorrer raramente: duas almas que realmente possuam uma afinidade essencialmente espiritual e mental podem acidentalmente residir em um corpo masculino e em um feminino e ainda assim podem desejar e alcançar uma “amizade” totalmente independente de sexo. Porém, ninguém pode contar com isso. O outro parceiro(a) irá desapontá-la(-lo), é quase certo, ao se “apaixonar”. Mas um rapaz realmente não quer (via de regra) “amizade”, mesmo que ele diga que queira. Existem muitos rapazes (via de regra). Ele quer amor inocente, e talvez ainda irresponsável. Ail Ail que sempre o amor foi pecado!, como diz Chaucer. Então, se ele for cristão e estiver ciente de que há tal coisa como o pecado, ele desejará saber o que fazer a respeito disso.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A maturidade afetiva


A afetividade não está por assim dizer encerrada no coração, nos sentimentos, mas permeia toda a personalidade.

Estamos continuamente sentindo aquilo que pensamos e fazemos. Por isso, qualquer distúrbio da vida afetiva acaba por impedir ou pelo menos entravar o amadurecimento da personalidade como um todo.

Observamos isto claramente no fenômeno de fixação na adolescência ou na adolescência retardada. Como já anotamos, o adolescente caracteriza-se por uma afetividade egocêntrica e instável; essa característica, quando não superada na natural evolução da personalidade, pode sofrer uma fixação, permanecendo no adulto: este é um dos sintomas da imaturidade afetiva.

É significativo verificar como essa imaturidade parece ser uma característica da atual geração. No nosso mundo altamente técnico e cheio de avanços científicos, pouco se tem progredido no conhecimento das profundezas do coração, e daí resulta aquilo que Alexis Carrel, prêmio Nobel de Medicina, apontava no seu célebre trabalho O homem, esse desconhecido: vivemos hoje o drama de um desnível gritante entre o fabuloso progresso técnico e científico e a imaturidade quase infantil no que diz respeito aos sentimentos humanos.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A castidade: um belo desafio para o jovem

A luta cristã contra a impureza exige que se fuja de toda ocasião de pecado. Sabemos que “a ocasião faz o ladrão”, e aquele que brinca com o perigo nele perece. Se você, jovem, quer se manter puro e casto antes do casamento, terá que fugir de toda ocasião que possa excitar a paixão: livros, revistas, filmes eróticos, bem como, no namoro, toda ocasião que possa propiciar uma vivência sexual precoce. O namoro não é o tempo de viver as carícias matrimoniais, pois elas são o prelúdio do ato sexual, que não deve ser realizado no namoro. O que precisa haver entre os namorados é carinho, não as carícias íntimas. Além disso será preciso, para todos, solteiros e casados, o auxílio da graça de Deus; para os solteiros, a fim de que não vivam o sexo antes do casamento; para os casados, a fim de serem fiéis um ao outro. É grande a recompensa daquele que luta bravamente para manter a própria pureza. Jesus disse que esses são bem aventurados (felizes) porque verão a Deus. (Mt 5,8) Um jovem casto é um jovem forte, cheio de energias para sua vida profissional e moral. É na luta para manter a castidade que você se prepara para ser fiel ao seu cônjuge amanhã.

A grandeza de um homem não se mede pelo poder que possui de dominar os outros, mas pela capacidade de dominar a si mesmo. Esta sempre foi a coluna que manteve de pé as civilizações e os grandes homens, e hoje, também, precisa ser resgatada e preservada, sob pena de vermos perecer a nossa civilização. Nossa humanidade hedonista, amante do prazer, a qualquer custo, ri da castidade e da virgindade, e por isso paga um preço caro pela devassidão dos costumes. Para reerguer esta sociedade será preciso resgatar esses valores que nunca envelhecem. Vale a pena refletir um pouco no que dizia o Mahatma Ghandi, o célebre indiano hindu, que não era católico, que libertou a India da Inglaterra, pela força da não violência. Ele dizia: