Porém já vês, meu filho, quanto são de
lastimar esses infortunados. Porque, se conhecessem o santo dever, a nobre
tarefa que Deus ligou a esse instinto humano, não falariam dele com tão
desfaçada grosseria.
Julga tu mesmo, meu filho, que vulgar maneira
de pensar, que degradação da alma é precisa para inventar e espelhar pilherias
porcas sobre um dos mais santos e mais nobres privilégios de que o Criador quis
revestir o homem.
"Não sabeis que sois o Templo do
Espirito-Santo que habita em vós?" diz a Sagrada Escritura (1. Corintios,
VI, 19). Num templo cada lugar é santo, no nosso corpo também tudo é santo, pois
ele vem de Deus. Mas em cada templo há uma parte que é especialmente santa: o
tabernáculo onde o próprio Senhor habita no Santíssimo Sacramento e do qual só
nos devemos aproximar inclinando a cabeça, ajoelhando-nos com profundo
respeito; no corpo humano também há um
lugar particularmente secreto — não é o coração, não é o cérebro — porém o
órgão onde habita uma parcela da força criadora do Onipotente e no qual não
devemos pensar senão com profundo respeito.
Com quanto mais respeito pensares na santa
força criadora que acorda em ti entre os quatorze e os dezesseis anos, tanto
mais claramente tomarás consciência de que no teu corpo, consoante a admirável
vontade de Deus, dormitam a vida, a felicidade e o futuro de toda uma geração,
tanto menos troçá-la-ás, tanto menos sorrirás dela, e mesmo dela absolutamente
não falarás.
De feito, o nascimento da vida é na natureza
inteira um segredo. Segredo santo e impressionante. Lá onde começa uma nova
vida, o Deus Criador lança sempre um véu. A borboleta esconde-se num casulo
quando muda de forma, ninguém a vê. E quem jamais viu a semente germinar? Ninguém.
Profundamente escondida no seio da terra, ela surge para uma nova vida. Quem jamais
viu o cristal da ametista azul e do rubi vermelho formar-se no silêncio
absoluto das profundezas misteriosas dos rochedos? Ninguém. O começo, o
nascimento, a origem da vida estão por toda parte misteriosamente ocultos. Em
vão o homem investiga o começo da vida: o maior sábio finalmente percebe haver
chegado ao limiar dum flutuado fechado. Um passo mais e — é Deus que se ergue
diante dele.
E eis que os teus camaradas falam desse
sublime segredo com língua impura, e esse instinto destinado a assegurar a
conservação da raça humana, e que é talvez o pensamento mais santo, mais nobre
do Criador, torna-se para eles um objeto de brinquedo frívolo, de gozo e de
gracejos sórdidos!
Já
sabes, porém, agora que alta missão te reserva o futuro. Sabes que um dia — si
segundo os planos divinos te casares - chamarás á vida germes humanos e
beijarás na fronte a bela adormecida no bosque. Sentes a imensa
responsabilidade que te pesa nos ombros e que reclama que até esse santo momento
conserves as forças do teu corpo numa pureza total, e que não desperdices as
forças do teu organismo. Sabes que satisfazeres os teus instintos fora do
casamento equivale a profanar em ti a dignidade humana. Sabes que em todo jovem
e em toda jovem estão ocultos um pai e uma mãe, mas aquele que não pode viver
casto antes do casamento, tão pouco poderá permanecer fiel e honesto durante o
casamento. A sorte de gerações inteiras depende da maneira por que puderes
estar um dia com pureza total entre os obreiros do Criador.
As raízes da arvore estão ocultas na
silenciosa profundidade do solo, e enviam ao tronco e ao cimo a força
vivificadora que a desenvolve: si expusermos as raízes á luz do sol, a arvore
secará. A idade viril, o desenvolvimento do instinto sexual deve produzir-se
num silêncio igualmente misterioso, numa santa reserva, sem olhares nem
pensamentos curiosos. Por isto, nunca falarás dessas coisas, por curiosidade,
com teus camaradas, pois aquilo que a sabedoria divina mantém oculto diante de
nós, a curiosidade humana não deve exibi-lo á luz do dia. Por isto, considerarás
o órgão da geração demasiado nobre para que o profanes por teu gozo pessoal,
contrariamente aos desígnios do Criador. Efetivamente, nos teus jovens anos não
somente constróis ou destróis no teu próprio corpo e na tua alma, mas também
para as gerações futuras. Não escutarás a sedução, mesmo si ela vier sob a
mascara da literatura ou da arte; pois bem sabes; ai daqueles viajores que o
fogo fátuo desvia da rota para os pântanos lodosos: desaparecem
irremediavelmente no pântano.
O
desenvolvimento dessa semente vital que agora apenas amadurece em ti, pode
orientar-se em boa ou má direção, conforme a tua conduta e o teu modo de viver
nos teus jovens anos, de sorte que serás uma benção ou uma maldição para tua
futura família. Não esqueças que um bando inumerável de meninos necropatas,
doentes. cegos de nascença idiotas, paralíticos, criminosos, loucos, maldizem
os pecados de juventude, os excessos de seus pais.
A tua boa
vontade presente, as tuas ideias sãs vão ser, infelizmente, postas á prova
pelas mil tentações da tua juventude e do mundo. Livros, gravuras, peças de
teatro, filmes, anúncios, cartões ilustrados, folhas humorísticas, cantigas,
comedias, vitrines de livreiros, artigos de jornais, etc. precipitar-se-ão
sobre ti aos milhares e te gritarão aos ouvidos "Não sejas um
santarão", "não sejas um atrasado, com a mentalidade da idade
média". "não sejas criança", não esperes até o casamento",
ou então "não sejas fiel no casamento, mas proporciona-te os gozos do
corpo, os prazeres dos sentidos, tanto quanto e onde quer que seja possível. No
mundo inteiro atual tão transtornado, ouvirás incessantemente repetir que o
amor e o gozo são a finalidade única da vida.
E lá
estás, com a cabeça atordoada, no meio desse barulho de feira.
Não
sabes que fazer a que te apegares, que conduta seguir.
Chegas
ao cruzamento dos caminhos onde vai decidir-se a tua sorte, a sorte de toda a
tua vida. E para ti se erige a questão, a importante questão que aguarda uma
resposta urgente: Para onde me devo dirigir?
Livro: A Casta Adolescência Monsenhor Tihamér Tóth
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