domingo, 30 de setembro de 2012

O Marido, o Pai, o Apóstolo


Transcrição do livro: O Marido, o Pai, o Apóstolo, do Padre de Guibergues (formação para homens), anos de 1908.

PREFÁCIO

Padre Emmanuel de Gibergues

            Este livrinho nasceu de uma inspiração essencialmente apostólica.
            Há quatro anos, durante uma missão dada em São Philippe de Roule, pelos Missionários Diocesanos de Paris, que o Senhor Vigário pedia a um deles que pregasse um retiro especial para os homens de posição social.
            Era uma novidade. Timidamente tentada, a experiência deu bom resultado. Duzentos homens responderam ao primeiro apelo, e reuniram-se na capela dos catecismos.
            No ano seguinte, logo no primeiro dia, houve uma afluência de mais de seiscentos, e foi preciso, durante o retiro, mudar da capela para a igreja, onde o auditório, mais à vontade, aumentou, atingido o número a oitocentos.
            Estava fundada a obra do retiro dos homens da boa sociedade em São Philippe.
            O ano passado, eram mais de mil e duzentos auditores, e S. E. o Cardeal Arcebispo de Paris quis vir ele mesmo abençoar o retiro e consagrar definitivamente a instituição com a sua presença.
           Para esta quaresma, a igreja era muitíssimo pequena, tal era a concorrência de homens que se dirigiam ao templo e se apertavam para, aí, conquistarem um lugar. Homens de ciência e de letras, procuradores, homens de profissões liberais, de obras pias e de caridade, negociantes, funcionários públicos, descendentes das grandes famílias de França, homens de todos os partidos e opiniões, aí estavam reunidos sob o olhar de Deus, em casa d' Aquele que não faz exceção de pessoas.

        Era um belo e consolador espetáculo ver tantos homens de inteligência, de talento, de elevadas posições, concentrados e atentos ao pé do púlpito da verdade, seguindo um retiro.
            O que esperavam do pregador, o que vinham procurar, não era a eloqüência humana, o estilo florido, as idéias novas; era a palavra evangélica em toda a sua simplicidade, mas também na sua força divina, para subjugar os espíritos e ganhar as almas.
          O número dos convertidos, dos que se aproximaram de Deus, após longos anos de afastamento; a afluência notável dos homens à mesa sagrada, no último dia, provaram bem que o fim havia sido alcançado.
           De diversos lados, homens de importância pediram-nos que publicássemos algumas destas instruções, para gravarem no coração daqueles que as tinham ouvido, as verdades que lhes haviam feito bem, e também para serem levadas à inteligência e ao coração daqueles que não tinham podido ouvi-las.
            Cedendo a essas insistências reiteradas, pusemo-nos à obra e escrevemos as páginas que se seguem, deixando às verdades que encerram, o seu caráter e feição de ensinamento oral e de palavra apostólica, cujo único fim é fazer bem aqueles que as lerem, tornando-os melhores.
            Em todas as classes da sociedade, especialmente entre os homens, produziu-se, de alguns anos para cá, um movimento sensível em prol da religião. Andam aborrecidos por não saberem a que hão de ater-se; têm a «nostalgia do divino»; têm sede das verdades eternas.
           Andam também assustados com a rebelião das paixões humanas; sentem a necessidade absoluta da religião, sem a qual o mundo fica abalado e a sociedade perecerá; e, antes de tudo, querem viver.
          Quaisquer que sejam as divisões dos espíritos, todas as almas retas, todos os corações honestos se conformam, hoje, com a necessidade de se restaurar a moral do Evangelho, pela pureza dos costumes e integridade da vida.
          Ora, é pela família, sobretudo, que deve começar esta restauração; é pela família que se estenderá por todo o país. Daí as instruções que se seguem.
          Que a leitura destas páginas fortifique na virtude os bons e os faça progredir no bem; que lhes dê novo alento e novo arrojo, e que faça com que os outros reflitam e voltem à pratica da moral cristã, sem a qual não há paz, força nem verdadeira grandeza para o homem, neste mundo, é o único desejo, a única ambição e será a maior recompensa daquele que as escreveu, e que desejaria ter feito passar nelas todo o seu amor por Jesus Cristo e pelas almas, pela Igreja e pela França!
          Permita o venerado pastor de São Philippe que eu deixe, aqui, expresso o protesto do meu eterno reconhecimento pela confiança que testemunhou ao pregador, concedendo-lhe esta nobre tarefa!
           Os numerosos auditores do retiro recebam também a expressão dos meus sinceros agradecimentos, pelo ânimo, pelas santas alegrias e consolações sobrenaturais, que me deram!
           E Deus seja bendito, pelas graças que dignou infundir à palavra humilde do Seu apóstolo, e pelos frutos abundantes que Ele lhe fez produzir!

Paris, 1º de Maio de 1901.
Festa dos Apóstolos São Philippe e São Jayme

Fonte: A Grande Guerra

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