sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Seja exigente com seu filho. Ele vai lhe agradecer!


Uma colega suspirou dia desses: “Ufa! Meu filho quis que eu comprasse a chuteira salmão igual à do Neymar. Sabe o preço? R$ 500! Comprei, né? O pior é que fiquei sabendo que a empresa vai lançar um novo modelo de três em três meses!”, lamentou, impotente. No mesmo instante, respondi: “Bastava dizer ‘não’”! Ela argumentou: “Você não conhece meu filho. Ele não desistirá de me aborrecer até conseguir o que quer!”

Uma amiga de minha mulher exibiu um pen drive: “Sabe o que tem aqui? ‘Eu quero Tchú’, ‘Assim você me mata’ e outras músicas do tipo. O Cauê exigiu. O que a gente não faz pelos filhos…” Em ambos os casos, os meninos tinham 7 anos de idade.

Não sou psicólogo, especialista em educação ou coisa do tipo, mas sou pai de quatro filhos, ou quatro degraus de uma escadinha: 8, 6, 4 e 2 anos de idade. Além disso, assisto a palestras de orientação familiar e acho que posso compartilhar algo sobre o assunto. Se é um erro ser autoritário, uma espécie de sargento com os filhos, é tão ou mais nocivo capitular, render-se e deixar que os pequenos assumam o controle.



Diante de um apelo consumista ou da vontade do filho ouvir música de mau gosto – e não adianta vocês me dizerem que, se a criança não ouve em casa, vai ouvir fora, já que apreciar o belo se aprende na família –, infelizmente é mais cômodo dizer “sim”. O “não” sempre é seguido de birras, choros, chantagens sentimentais e argumentos. Argumentos, aliás, que vêm revestidos de certa lógica: “Meus amigos sempre viajam e a gente só fica em casa”, “Você comprou tal coisa para ele, mas para mim não compra”.

Esses e outros chavecos amolecem muitos pais e mães.

E outro trabalho dado pelo “não” é que ele pede explicações. Por que não posso lhe dar tudo o que me pede, mesmo tendo dinheiro? Por que música, ou programas de tevê de baixo nível fazem mal? Para responder a perguntas desse tipo, os pais devem ter formação à altura, além de dedicar tempo para conversa – muita conversa – com os filhos.

A ascensão social experimentada por quem antes não tinha condições de consumir produtos mais sofisticados fez que pequenos ditadores e pais submissos se disseminassem por todas as classes. Podemos estar formando uma geração de molengas, que se acostumam desde cedo a ter tudo de mão beijada. Lá na frente, descobrirão que a vida não é um estalar de dedos. E, ao se depararem com frustrações, dificuldades e situações que exijam fortaleza, a reflexão vira à mente daquele adulto infantilizado: “Por que meus pais não me exigiram?”

Roberto Zanin é jornalista e blogueiro http://robertozanin.com

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