quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sim, o hábito faz o monge, mostra pequisa

Por Juliana Câmara

Estudo americano comprova que significado social das peças que vestimos interfere nos processos cerebrais

O antigo ditado que nos orienta sobre não julgar as pessoas pela aparência acaba de ser contrariado por um estudo americano, pelo menos no que diz repeito às roupas. Cientistas descobriram que a forma como interpretamos o valor simbólico da vestimenta pode afetar nossos processos cognitivos. E o estudo, realizado por pesquisadores da Northwestern University, em Illinois, mostra que não basta olhar uma peça para que esta influência ocorra, é preciso vesti-la.
Os pesquisadores, liderados por Adam Galinsky, realizaram três experiências usando jalecos brancos idênticos de médicos e pintores. Em todos os casos, as pessoas que vestiram as peças que seriam dos profissionais de saúde — a quem costuma ser atribuído um comportamento cuidadoso, rigoroso e atento — apresentaram melhores resultados em testes de atenção e percepção visual de erros. Houve quem apenas olhasse a roupa, mas quem a vestiu se saiu melhor.
A descoberta, que foi relatada em reportagem do jornal “New York Times”, é significativa para uma área de estudos em crescimento, chamada de cognição incorporada.
— Pensamos não apenas com nossos cérebros, mas com nossos corpos, e nossos processos de pensamento estão baseados em experiências físicas que provocam conceitos associados abstratos. Agora, parece que estas experiências incluem as roupas que vestimos — explicou Galinsky ao NYT. — A experiência de lavar as mãos, por exemplo, está associada à pureza moral e a julgamento éticos.
Para os cientistas, um dos pontos mais interessante do estudo é a possibilidade de compreender se o significado da roupa que vestimos afeta nossos processos psicológicos: ele altera a forma como nos aproximamos e interagimos com o mundo? Na opinião do psicólogo e autor do livro “Homens invisíveis” (Editora Globo), Fernando Braga da Costa, a resposta é sim:
— Tudo o que é intelectual é guiado também pelo nosso equilíbrio emocional. Além disso, o que controla nossas vias neurológicas está relacionado com nossas emoções, cuja construção passa pelos relacionamentos e a concepção de valores sociais.
Os pesquisadores americanos agora querem entender o que acontece quando alguém veste uma batina de padre ou um uniforme de policial todos os dias, por exemplo. A ideia é desvendar se os indivíduos se acostumam e as alterações cognitivas não ocorrem, fazendo os efeitos desaparecerem. Para isso, no entanto, mais estudos ainda serão conduzidos.

Jornal O Globo.

Um comentário:

  1. Gosto muito deste blog. Que a Virgem Santíssima proteja esta cruzada pelo pudor!

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